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Inovação Uniemp

Print version ISSN 1808-2394

Inovação Uniemp vol.1 no.3 Campinas Nov./Dec. 2005

 

 

Laboratório de tecnologia oceânica: inovação nas ondas do mar

 

 

por BRUNO BUYS

 

 

O dia 30 de abril de 2003 marcou a inauguração de um novo aliado na pesquisa em engenharia naval e oceânica brasileira: o LabOceano, unidade da Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia (Coppe-UFRJ), que se dedica ao aperfeiçoamento de estruturas navais por meio da simulação das condições oceânicas offshore. Dispondo de um enorme tanque de água doce, de 15 metros de profundidade, o laboratório está equipado para submeter modelos de embarcações a condições semelhantes às encontradas em alto mar. Os resultados obtidos nas simulações subsidiam projetos de construções de novas embarcações e equipamentos navais, a exemplo da plataforma P-34 testada ali pela Petrobras.

A interação com a empresa estatal é apontada por Fábio Nascimento, engenheiro e gerente de operações do laboratório, como um dos resultados importantes do LabOceano. A Petrobras é o principal parceiro do laboratório e essa cooperação se dá de duas maneiras, segundo Nascimento. Uma delas é na prestação de serviços, quando a empresa utiliza o tanque oceânico para testar um casco de navio ou uma nova plataforma, como foi feito no caso da P-34, ou seja, para atender demandas específicas da operação da empresa. A outra é no desenvolvimento de novas tecnologias e de instalação ou operação de equipamentos, como o sistema de correnteza do tanque (em desenvolvimento atualmente, e com início de operações previsto para 2006), em que a Petrobras entra com financiamento e capacitação. Vale destacar que a estatal é responsável por cerca de 45% do tempo de utilização do tanque oceânico.

 

 

A demanda por pesquisas e testes da Petrobras se traduz, freqüentemente, em trabalho para os pesquisadores da Coppe, como Antonio Carlos Fernandes, doutor em engenharia oceânica. Em uma de suas linhas de pesquisa, ele usa os modelos reduzidos de plataformas e linhas de amarração e ancoragem, buscando analisar os efeitos de correntes nessas estruturas. O envolvimento de Fernandes com a área vem desde a sua formação básica em engenharia, com pesquisas na área de hidrodinâmica de plataformas e navios, e passagens pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, e pelo Massachusets Institute of Technology (MTI/USA), onde fez seu doutorado. Alguns ensaios são feitos, também, no Laboratório de Ondas e Correntes (LOC), estes mais ligados à pesquisa básica. Mas o LabOceano se constitui, atualmente, no seu principal laboratório de testes.

Outro parceiro do LabOceano é o Centro de Excelência em Engenharia Naval e Oceânica (Ceeno). Formado pela Coppe-UFRJ, pelo Departamento de Engenharia Naval da USP, pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo e pelo Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), o Ceeno busca reunir as instituições de pesquisa em engenharia naval, com forte ênfase em inovação tecnológica.

 

FINANCIAMENTO

Construído com fundos do CT-Petro (R$ 15 milhões) e da Faperj (R$ 1 milhão), o Laboratório de Tecnologia Oceânica foi concebido como um apoio à área de engenharia naval e offshore. Consolidando a posição brasileira no domínio da tecnologia de exploração em águas profundas, o LabOceano permite a simulação de condições superiores a dois mil metros de profundidade na extração de petróleo por plataformas e superpetroleiros. Após a fase de construção, o laboratório se mantém por meio de receitas dos serviços prestados e também com o repasse de verbas da Coppe.

 

 

O Brasil caminha rumo ao antigo sonho de auto-suficiência em petróleo, e o LabOceano preenche uma lacuna estratégica no desenvolvimento da tecnologia necessária para isso. Ao mesmo tempo, possibilita a recuperação da engenharia naval brasileira, na fabricação de grandes navios. O país chegou a alcançar o segundo lugar do mundo nessa área nos anos 1970, liderança hoje em poder do Japão, da Coréia e da China.

 

COMPETÊNCIA OCEÂNICA

Nascimento afirma que o primeiro grande desafio na implantação do LabOceano foi criar capacitação na área, uma vez que o laboratório é o único com esse perfil no país, e o terceiro do mundo. Existem, no Brasil, outros laboratórios de hidrodinâmica capazes de simular condições oceânicas para a engenharia naval, porém com equipamentos e objetivos diferentes (ver box na página 13). O pesquisador integra o trabalho de pesquisa do laboratório, desenvolvendo seu doutorado no desenvolvimento do gerador de ventos que entrará em atividade em 2006.

 

 

 

 

 

 

Essa etapa inicial de formação de mão-de-obra durou cerca de um ano e meio, e formou a atual equipe do LabOceano, com 21 trabalhadores de nível técnico. Somam-se ainda mais cinco docentes da UFRJ que desenvolvem ali suas pesquisas, e um número variável de alunos de graduação e pós-graduação em engenharia. Como uma unidade acadêmica da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da UFRJ, o laboratório também recebe (e custeia) os trabalhos de pesquisa em nível de mestrado e doutorado. Atualmente conta com dois alunos de doutorado e cerca de dez alunos de mestrado.