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Inovação Uniemp

versión impresa ISSN 1808-2394

Inovação Uniemp v.2 n.1 Campinas ene./mar. 2006

 

 

Exportação: uma questão inovadora

 

 

por THIAGO ROMERO

 

 

EMPRESÁRIOS E CIENTISTAS DISCUTEM EM BRASÍLIA, NA 3ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO, A INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS E A INSERÇÃO DE PRODUTOS INOVADORES NO MERCADO EXTERNO

A inovação tecnológica pode ser um fator determinante para o crescimento da indústria brasileira. Empresas que inovam pagam melhores salários e empregam trabalhadores mais qualificados, além de conseguir faturar, crescer e exportar mais. As conclusões foram obtidas durante a 3ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), evento que ocorreu entre os dias 16 e 18 de novembro, em Brasília, com o objetivo de demonstrar como o conhecimento produzido no Brasil pode ser a base de uma política que promova o desenvolvimento econômico, social e cultural do país.

Ao longo dos três dias, que reuniram mais de 1,5 mil pessoas, foram discutidos assuntos que vão da economia do conhecimento para a geração de riqueza ao financiamento como instrumento de gestão estratégica. O tema "Inserção externa de empresas de base tecnológica", abordado em uma das sessões paralelas, chamou a atenção da comunidade científica e empresarial. Na ocasião, foi apresentada uma estatística interessante: uma empresa que inova tem 16% a mais de chance de se tornar exportadora, quando comparada a uma empresa que não inova. Ou seja, o investimento em inovação tecnológica tem relação direta com a exportação de produtos e serviços.

"Não é por acaso que a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (Pitce) do governo federal tem a inovação como um dos pilares fundamentais", disse Mário Sérgio Salerno, diretor da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). "Inovar e diferenciar produtos é uma excelente estratégia para o crescimento das empresas nacionais no exterior", afirmou. A Pitce, que está sendo adotada no período 2004/2006, é focada no aumento da capacidade de inovação das empresas brasileiras e na inserção do país no comércio mundial.

Brasília também foi palco de outra comparação interessante. O esforço inovativo das empresas brasileiras é 80,8% maior do que o mesmo esforço das multinacionais estrangeiras estabelecidas no Brasil. Ou seja, se compararmos duas empresas exatamente iguais, que vendem o mesmo produto e têm o mesmo faturamento, além de contarem com o mesmo coeficiente de importação e de exportação, veremos que a empresa nacional inova mais do que a estrangeira no que diz respeito ao investimento em inovação realizado aqui no país.

"Isso mostra que as estrangeiras realizam pouco investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) no país, e que há empresas nacionais entrando com força na disputa pela inovação", avaliou Salerno. Por outro lado, apesar de a maioria das empresas estrangeiras não inovar em produtos no Brasil, a presença delas é essencial para dinamizar o mercado nacional. "A existência de multinacionais no Brasil induz o aumento de investimentos em P&D por parte das empresas brasileiras", garante.

 

INTERNACIONALIZAR É PRECISO

Ao contrário do que o senso comum possa imaginar, a internacionalização de empresas nacionais é um forte indutor de crescimento do mercado interno no Brasil. O mercado brasileiro comporta duas situações diferentes: as empresas que exportam e as empresas internacionalizadas. As exportadoras, à medida em que conseguem manter o mercado interno em plena atividade, crescem cada vez mais pois adicionam à sua rentabilidade os lucros obtidos com a venda de produtos no exterior.

Entretanto, conforme discutido na capital federal, muitos setores se deparam com limites impostos ao crescimento das exportações, entre eles custos logísticos e barreiras tarifárias. "Com isso, muitas empresas acabam internacionalizando sua produção, tornando-se multinacionais brasileiras", explica Salerno, que é também professor da Escola Politécnica da Universidade de Paulo (Poli/USP).

Segundo uma pesquisa recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as empresas brasileiras que realizam investimento produtivo no exterior crescem mais no mercado interno do que as que não realizam. "Elas se aproximam dos consumidores, conseguem entender melhor o mercado, obtém informações dos clientes para inovar e rompem barreiras às vendas em muitas regiões", exemplifica o diretor da ABDI. O estudo do Ipea abordou todas as empresas brasileiras que possuem investimentos produtivos no exterior.

 

INCENTIVO ÀS EXPORTAÇÕES

O governo federal, por meio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), lançou em maio de 2005 o primeiro centro de distribuição de produtos brasileiros no exterior. Instalado em Miami, nos Estados Unidos, o centro conta atualmente com a participação de 92 empresas brasileiras. Trata-se do primeiro de uma série que deverão ser instalados pela APEX-Brasil em locais estratégicos no exterior, como parte da Pitce. "Outros centros de distribuição semelhantes serão abertos em breve em países como Alemanha, Emirados Árabes, Rússia, China e África do Sul, além de outro nos EUA", antecipou Mário Salerno.

Ao mesmo tempo em que diminui a distância entre os produtos brasileiros e o mercado externo, a expectativa é que esses centros sejam o pontapé inicial para a abertura de filiais de companhias brasileiras no exterior. Depois de um longo período em atividade nesses locais, as empresas poderão ter adquirido experiência suficiente para se estabelecerem no mercado internacional. "A Apex Brasil assumiu um papel fundamental para alavancar as exportações e o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) também abriu diversas linhas para financiar a internacionalização de empresas nacionais", ressalta o diretor da ABDI.

"Por isso, agora é o momento de melhorar a imagem da 'marca Brasil' no exterior, mostrando que nosso país tem tecnologia de ponta, e não apenas praias e futebol", disse.

Salerno acrescentou que "a internacionalização requer fôlego financeiro e as pequenas empresas de base tecnológica precisam, em princípio, ganhar musculatura para abrir filiais no exterior. Os paradigmas estão aí para serem quebrados".