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Inovação Uniemp

versión impresa ISSN 1808-2394

Inovação Uniemp v.2 n.3 Campinas jul./ago. 2006

 

 

Digital: empresa brasileira busca expansão no exterior

 

 

por MARTA KANASHIRO

 

 

SISTEMA DE RECONHECIMENTO BIOMÉTRICO ESTÁ EM FRANCO DESENVOLVIMENTO; NO BRASIL, O NOVO PASSAPORTE JÁ SERÁ ADAPTADO A ESSE FORMATO

Hoje já é possível proteger o acesso a computadores utilizando a leitura das características da íris ou de impressões digitais ao invés de usar as senhas numéricas. Recursos tão sofisticados que, durante muito tempo, pertenciam apenas ao campo da ficção científica, ao estilo de filmes como o Minority report, baseado no livro homônimo de Philip K. Dick, ou seriados norte-americanos de TV, como CSI (Crime Scene Investigation) e muitos outros, já é realidade em sistemas de acesso a academias de ginástica, para locação de filmes em vídeo locadoras, para entrar em residências, escolas ou determinados ambientes de acesso restrito, assim como no controle de ponto de funcionários. Deslocada do campo da ficção, resta ainda desfazer um outro mito sobre essa tecnologia: ela não só é utilizada no Brasil, mas também é desenvolvida e com boa qualidade. Mesmo assim, a maioria dos equipamentos e softwares ainda são importados.

Uma das empresas que atua nesse campo é a Griaule, criada em 2002 a partir de um projeto na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por meio da Incubadora de Empresa de Base Tecnológica (Incamp), destacando-se no desenvolvimento de softwares ou algoritmos de reconhecimento de digitais. Chegou a ser considerada nos Estados Unidos, após um teste em 2003, denominado LST (Large Scale Test), como desenvolvedora de um dos dez melhores sistemas do mundo. Na ocasião, a empresa brasileira concorreu com grandes empresas do ramo como NEC, Motorola e Raytheon. A empresa Griaule, de propriedade de Iron Daher, recebeu na ocasião um certificado do FBI, que abre oficialmente a possibilidade da tecnologia ser adquirida pelo governo norte-americano. Além do reconhecimento fora do país, a empresa foi premiada no final do ano passado com o Prêmio Finep de Inovação Tecnológica.

 

DE CAMPINAS PARA A CALIFÓRNIA

Atualmente, a Griaule tem sua sede instalada em Campinas, no interior paulista, mas Daher conta de seus projetos para abrir uma subsidiária da empresa na Califórnia (EUA). "O motivo é que a empresa tem mais possibilidade de crescer lá do que aqui", explica o empresário. É um raciocínio relevante dentro do cenário atual de empreendimentos brasileiros nesse mercado. O reconhecimento das digitais, por exemplo, previsto como um dos itens de segurança do novo passaporte brasileiro, incluiu uma participação bastante pequena da empresa nacional. A Griaule foi escolhida, em licitação pela Casa da Moeda, para participar da elaboração de parte do sistema que incluirá os dados do passaporte, inclusive os biométricos, em códigos de barra. No entanto, apesar de ter o preço mais baixo e tecnologia reconhecida de igual qualidade ou superior, ficou fora da licitação para o processo mais amplo de implementação da biometria no passaporte.

Em contrapartida, a maior parte de suas vendas é para fora do Brasil e, dentre outros exemplos, pode-se citar que a empresa é responsável por toda a tecnologia de biometria utilizada no novo passaporte da Costa Rica, que acaba de ser implementado. No Brasil, é a tecnologia da Griaule que está presente nos sistemas das secretarias de segurança pública de Tocantins, Rondônia e Goiás, nas Docas do Pará, e em alguns Detrans, dentre outros casos bem sucedidos.

 

SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS

Para trilhar essa história, a empresa também recebeu financiamentos da Finep e do Programa Inovação Tecno-lógica em Pequenas Empresas (Pipe), da Fapesp. A Griaule possui hoje duas principais soluções tecnológicas: o SDK, um kit de desenvolvimento de software, direcionado para clientes corporativos e consumidor final, que tem como objetivo a segurança física e de dados, permitindo o controle de acesso, controle de ponto, e controle de uso de equipamentos e serviços. Já o Afis (Auto-mated Fingerprint Identification System), é dirigido para clientes governamentais, e permite a identificação civil e criminal, o controle de fronteiras e presídios, além da emissão de documentos como RG, carteira nacional de habilitação, passaporte, título eleitoral, dentre outros.

 

 

O caso da Griaule evidencia que no Brasil, além do universo privado de academias e locadoras de vídeo, a biometria já está sendo de fato utilizada em várias frentes de atuação govermental, como o Sistema de Gerenciamento de Formação de Condutores (Gefor), do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de São Paulo.

O reconhecimento biométrico ou, simplesmente, a biometria, vem sendo definido nos últimos anos como uma forma de identificação das pessoas por meio de suas características físicas, como o reconhecimento de suas impressões digitais, detalhes da íris, da retina, ou da palma da mão. Para especialistas da área de segurança eletrônica, a biometria é vista como uma tecnologia que pode aumentar os níveis de segurança. Há alguns anos o setor de segurança eletrônica — que trabalha com monitoramento e controle de acesso — tem ocupado muito espaço no mercado. As pesquisas e aplicações utilizando biometria parecem estar se firmando como uma novidade altamente lucrativa do setor. De acordo com dados do International Biometric Group (IBG), a receita da indústria de biometria em 2005 foi US$ 1,53 bilhões, e a receita estimada para 2010, a partir do aumento dos programas governamentais de larga escala e das iniciativas do setor privado, é US$ 5,74 bilhões.