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Inovação Uniemp

versão impressa ISSN 1808-2394

Inovação Uniemp v.2 n.3 Campinas jul./ago. 2006

 

 

Bombril investe em programas sociais de esporte e de combate à violência

 

 

por PATRÍCIA MARIUZZO

 

 

Em 2003, atletas brasileiras conquistaram 40 medalhas nos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo. Dobrar esse número na próxima edição dos Jogos em 2007 no Rio de Janeiro é o objetivo do projeto Mulheres que fazem o Brasil brilhar, da Bombril, que vai investir R$ 12 milhões para apoiar cerca de 50 atletas e paraatletas de 20 modalidades. Ádria Rocha Santos, do atletismo paraolímpico, é uma delas. Com quatro medalhas de ouro e oito de prata em cinco edições das Paraolimpíadas ela espera contribuir para que a delegação feminina brasileira cumpra a meta das 80 medalhas.

Já em Olinda, cidade pernambucana onde a Bombril mantém o Centro de Referência da Mulher Márcia Dangre-mon, a meta é atender as vítimas de violência, num programa de apoio e prevenção. Só neste ano, 105 mulheres foram assassinadas em Pernambuco, estado que detém o recorde de homicídios entre mulheres no Brasil. Colabora para agravar ainda mais esse quadro o fato de que ninguém foi preso em nenhum dos casos.

 

ESPORTIVO FEMININO

Com uma longa história na área de marketing esportivo — como, por exemplo, a marca Bombril na camisa dos jogadores do Santos Futebol Clube no campeonato brasileiro — o atual projeto redireciona o envolvimento da empresa nesse segmento. "Optamos por uma estratégia de comunicação mais dirigida. Além da visibilidade da marca como no futebol, o programa Mulheres que fazem o Brasil brilhar oferece apoio ao desenvolvimento feminino no esporte, agregando à marca uma imagem de empresa preocupada com o bem estar da população", explica Cássia Viane de Castro, do departamento de marketing.

 

 

Em pesquisa realizada pela Bombril em parceria com a Brunoro & Cocco Sports Business constatou-se um descompasso entre a qualidade atribuída às atletas brasileiras e a relevância que elas têm merecido. "O levantamento, realizado com 300 mulheres casadas, revelou que a maioria do público feminino (82%) percebe o desempenho das atletas brasileiras como bom e ótimo, mas 68% acham que essas atletas não têm o merecido reconhecimento", diz o consultor José Estevão Cocco.

 

 

COMPETIÇÕES INTERNACIONAIS

A participação da mulher no esporte é crescente. Nas Olimpíadas de 1984, em Los Angeles, a participação feminina foi de 14% do total de atletas. Nos jogos de Atenas, em 2004, 49% da delegação brasileira era composta por mulheres. Na Paraolimpíada, 21% da delegação era de mulheres, que conseguiram 35% das medalhas. Ádria Rocha dos Santos, deficiente visual que integra o programa da Bombril há mais de um ano, se tornou a maior vencedora da história brasileira nos Jogos Paraolímpicos. Apesar de tantas conquistas, ela manteve-se por longo tempo sem apoio. "No Brasil é muito difícil obter patrocínio, pois as empresas têm pouco interesse no esporte individual e valorizam pouco bons resultados, como as medalhas de bronze ou prata. Só com o ouro se tem reconhecimento", lamenta. Com o investimento da Bombril ela pôde participar, no ano passado, de uma competição em Paris, na França, onde conquistou o terceiro lugar. Seu objetivo para este ano é o mundial de atletismo na Holanda, em setembro.

 

 

Para aumentar as possibilidades de conquistar medalhas nos Jogos Pan-americanos, foram selecionadas atletas e modalidades com maior potencial de desenvolvimento ao longo do período determinado para o projeto. A judoca Danielle Zangrando foi uma delas. No passado ela perdeu o patrocínio do São Paulo Futebol Clube. "A ajuda da Bombril veio na hora certa", comemora ela, que conquistou medalha de bronze na Copa do Mundo de Judô em 2004 e foi campeã pan-americana no mesmo ano.

Danielle destaca, ainda, a questão do gerenciamento da carreira do atleta, outro aspecto do projeto. "Não é somente o patrocínio, há uma preocupação com o todo, com a motivação, com a assessoria de imprensa e isso faz a diferença, principalmente em esportes pouco conhecidos", diz Danielle.

Além dos patrocínios individuais, o projeto abrange equipes brasileiras de natação, ginástica, vôlei e basquete. Desde a implantação do programa, as atletas já conquistaram 123 medalhas em competições nacionais e internacionais. Inclui, ainda o subprojeto "Afilhadas das atletas" que incentiva as atletas beneficiadas a adotar pelo menos duas outras atletas durante a vigência do contrato. Atualmente já estão efetivadas 22 afilhadas de atletas.

 

PROJETO CONTRA A VIOLÊNCIA

Pernambuco é um dos estados brasileiros mais afetados pela violência contra a mulher. Só na cidade de Olinda foram registrados três mil casos em 2004, segundo a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco. "Esses dados chegaram até a Bombril em 2005, quando a empresa já estava envolvida em programas com mulheres carentes em São Paulo. A prefeitura de Olinda tinha um local para montar uma unidade para atender mulheres, mas não recursos para mantê-la funcionando. Foi aí que a empresa entrou na parceria, responsabilizando-se pela contratação e manutenção dos funcionários", lembra Luiz Careli, gerente de recursos humanos da Bombril. Nascia assim o Centro de Referência da Mulher Márcia Dangre-mon que oferece assistência jurídica e psicológica para mulheres vítimas de violência em Pernambuco.

O Centro funciona 24 horas por dia e mantém um serviço de call center, para orientação e assistência à mulher. A equipe é formada por 20 funcionários entre psicólogos, pedagogos, advogados e pessoal de apoio para as mulheres e seus filhos, todos com treinamento específico oferecido pela ONG Mulheres do Cabo, há quase 20 anos com atividades na área. Segundo Careli, unidades de atendimento como esse centro têm dificuldade de encontrar patrocínio por causa da natureza dos problemas com os quais lidam.

O Centro atende hoje 206 mulheres e a empresa é responsável, ainda, por três vagas para as mulheres e seus filhos menores ameaçados de morte na Casa Abrigo Sempre Viva, em Recife.

"Estamos trabalhando na formação de uma rede de combate à violência que passa pelo atendimento no Centro, mas que tem que cuidar da prevenção, o que inclui combater a educação sexista nas escolas. Além disso, participamos de atividades em 12 comunidades de Olinda promovendo palestras, seminários e oficinas sobre o tema da violência", completa Avanir. O Centro organizou este ano o primeiro Arrastão Cultural de combate e prevenção da violência contra a mulher na semana do pré-carnaval de Olinda. Um dos resultados da mobilização foi um convite da companhia de transporte urbano da cidade para o Centro fazer um treinamento com os 1,2 mil funcionários da empresa. "Na maioria das vezes que uma mulher foge de casa, o motorista ou o cobrador do ônibus é a pessoa com quem ela tem contato", explica Avanir.

Segundo o gerente de RH, a intenção da Bombril é fazer do Viva Mulher um programa "guarda-chuva" para abrigar outras iniciativas direcionadas para o público feminino.