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Inovação Uniemp

Print version ISSN 1808-2394

Inovação Uniemp vol.2 no.4 Campinas Sept./Oct. 2006

 

 

Brasil é o 7º no ranking mas 56% das firmas fecham antes de cinco anos

 

 

por JACIRA WERLE

 

 

O Brasil ocupa hoje o sétimo lugar no ranking mundial de empreendedorismo, de acordo com dados divulgados este ano pela pesquisa Global Entrepre-neurship Monitor (GEM), coordenada pelas instituições London Business School (da Inglaterra) e Babson College (dos Estados Unidos), mas enfrenta a contradição de ostentar um alto índice de empresas que não conseguem manter-se em operação no mercado. O último levantamento do Sebrae mostra que 56% das empresas paulistas encerraram suas atividades antes de completar os cinco anos de vida.

Para o coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), José Augusto Correa, é preciso diferenciar o caráter de "aventura" do perfil de "empreendedorismo". Ele argumenta que qualquer negócio a ser iniciado atualmente deve conter "um traço de inovação" para ter chances de sucesso.

Correa considera que "o Brasil é hostil à criação de novos negócios", considerando-se os diversos entraves que ele enumera, tais como a burocracia para se abrir e gerenciar uma empresa, legislação trabalhista complicada e a falta de cultura de incentivo aos pequenos empreendedores. O consultor da FGV aponta uma tendência mundial da diminuição de postos de trabalho e da terceirização de serviços, o que empurra os profissionais a montarem seu próprio negócio.

Outro especialista da área, José Carlos Dornelas, concorda que o que movimenta a abertura de novos negócios é, principalmente, o desemprego existente no país. Porém, ele alerta que "o risco de um profissional sem perfil empreendedor e nem conhecimento de gestão empresarial ser mal-sucedido em seu novo negócio é muito maior", alerta.

 

 

Os dois consultores, ao analisarem a situação de desorganização do mundo do trabalho hoje, concordam com a necessidade de elaboração de um plano de negócios exigido para novos empreendimentos. Dornelas explica que se trata de estudar a viabilidade econômica do empreendimento, pesquisando estrutura do mercado, risco e previsão de investimentos necessários.

Já Correa defende que para o Brasil ter um "empreendedorismo saudável", o governo deve facilitar a entrada de capital no financiamento das empresas e reduzir a taxa de juros das aplicações bancárias, para que seja mais vantajoso investir em novos negócios do que manter suas aplicações financeiras.

 

FECHAMENTO DE EMPRESAS

O último levantamento do Sebrae/SP, divulgado em outubro passado, apontou uma queda de 15 pontos percentuais no índice de mortalidade de empresas: passou de 71%, detectada na pesquisa de 2000/01, para 56%. Entre os motivos para essa queda, segundo Marco Aurélio Bedê, gerente de pesquisas econômicas do Sebrae/SP, está o conjunto de políticas públicas para micro e pequenas empresas, criadas nos últimos dez anos. Entre elas, ele destaca a adoção do estatuto nacional para as micros e pequenas empresas, o sistema de arrecadação Simples federal e paulista, criação do banco do povo, além de liberação de crédito para essas empresas.

Apesar dos pontos favoráveis, Bedê destaca que não há recursos suficientes para todos os empreendedores interessados. Os dados do Sebrae/SP mostram que 92% das empresas brasileiras surgem usando capital do próprio empreendedor. Em sua avaliação, se não houver cortes dos investimentos nem grandes mudanças políticas para o setor, o índice de mortalidade empresarial continuará caindo, mas de modo mais gradual.