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Inovação Uniemp

versão impressa ISSN 1808-2394

Inovação Uniemp v.2 n.4 Campinas set./out. 2006

 

 

Atech: alta tecnologia para diferentes tipos de monitoramento

 

 

por FLÁVIA GOUVEIA

 

 

Surpreende ver que soluções em áreas tão diversas como tráfego aéreo, transporte coletivo, saúde, bioenergia e segurança pública têm em comum a incorporação de tecnologias críticas. Tanto quanto saber que existe uma empresa capaz de desenvolver habilidades nessas diferentes áreas e o fato dela ser brasileira. A Atech Tecnologias Críticas foi criada como fundação sem fins lucrativos, em 1997, para participar da elaboração do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), por meio de um contrato com o Ministério da Aeronáutica, e hoje se destaca, no Brasil e no mercado internacional, por sua capacidade de concepção, desenvolvimento e integração de sistemas. Com conhecimentos acumulados ao longo desses nove anos, a Atech ampliou suas áreas de atuação, passou a atender organizações públicas e privadas, além de exportar. Em 2005, o faturamento da Atech foi de R$ 100 milhões, um pouco abaixo do registrado no ano anterior (R$ 110 milhões) mas quase 70% superior ao de 2003.

No Sivam, o principal objetivo era conhecer e dominar o espaço aéreo da floresta amazônica e das fronteiras. Para isso, a Atech desenvolveu um sistema que rastreia todo o território da selva, integra os dados e os disponibiliza. Na ocasião, foi criada a empresa Amazon Tech, controlada pela Atech e atualmente sediada em Miami (EUA). Seu objetivo era executar parte do projeto Sivam e ter acesso ao financiamento do Eximbank que, de outra forma, seria destinado apenas para as empresas do mercado norte-americano. Cumprida a missão para a qual foi criada, a Amazon Tech atualmente dá suporte aos processos de aquisição de tecnologia e equipamentos no exterior para a Atech, além de fornecer soluções tecnológicas para empresas locais e até para a comissão de compras do exército brasileiro.

 

 

NOVA ETAPA DE ATUAÇÃO

O diretor da empresa, Cláudio J. Rodrigues Carvas, afirma que com a operacionalização do Sivam e do Sipam (Sistema de Proteção Ambiental da Amazônia), o envolvimento da Atech no projeto vem diminuindo, o que pode reduzir o faturamento da empresa em 2006. "Mas a Atech espera compensar parte dessa perda com a contratação de serviços ligados à atualização tecnológica do sistema Sivam/Sipam, que foi concebido no início da década de 1990, antes da era da internet, além de buscar ampliar seus negócios em outras frentes", acrescenta Carvas.

Muitas tecnologias da Atech são consideradas duais, utilizadas tanto pelo setor militar quanto pelo civil. Hoje, os sistemas desenvolvidos pela empresa são responsáveis por 90% do controle do tráfego aéreo civil e militar do Brasil. Os centros de controle de 14 aeroportos do país possuem o Sistema APP, de tratamento e visualização de dados do centro de controle de aproximação, desenvolvido pela empresa para monitorar as operações de decolagem, pouso e sobrevôo das aeronaves. Recentemente, o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta), de Brasília, substituiu seu antigo sistema, de origem francesa, pela solução brasileira desenvolvida pela Atech. O próximo Cindacta a adotar a solução da Atech será o de Curitiba, diz Carvas.

 

RADAR METEOROLÓGICO

Para o desenvolvimento de um radar Doppler que realiza serviços de meteorologia, foi criada a empresa Atmos, em 2004, uma joint-venture da Atech com a empresa nacional Omnisys. A primeira unidade do radar (na área rural de Mogi das Cruzes), tem alcance de 400 quilômetros e identifica em tempo real as condições meteorológicas do estado de São Paulo, sul do Rio de Janeiro, sul de Minas Gerais e parte do estado do Paraná, incluindo o litoral. A empresa fabrica esses radares para o mercado nacional e internacional e também presta serviços de informação meteorológica. "Com o radar Atmos, pode-se emitir alertas de chuvas e tempestades severas que se aproximam da região de cobertura, possibilitando que a defesa civil, os administradores de trânsito e os tomadores de decisão em geral se antecipem ao fenômeno. As inundações e alagamentos na cidade de São Paulo, por exemplo, podem ser previstas com algumas horas de antecedência evitando-se maiores problemas", diz o diretor da empresa.

 

 

Outro desenvolvimento da Atech é o software para controle de frotas, percursos, valores e indicadores de desempenho em transporte de cargas por estradas brasileiras. A solução para a gestão integrada dessa logística chama-se Ares e, segundo Carvas, além de acrescentar maior eficiência e qualidade em todo o processo de transporte de carga pelas estradas brasileiras, pode também ser aplicado nos setores ferroviário, marítimo e aéreo.

Para o trabalho da polícia, a Atech criou o sistema Infopol (informações policiais), que permite traçar um perfil da criminalidade dentro de regiões de cada estado, com informações sobre sua concentração populacional e os horários de incidência de determinados delitos. A solução já é utilizada pelas secretarias de segurança pública do Acre, Ceará, Amazonas, Mato Grosso e Pernambuco.

 

IMPLANTAÇÃO DO BILHETE ÚNICO EM SÃO PAULO

A Atech esteve presente, ainda, na implantação do sistema do bilhete único paulistano. A solução criada permite monitorar veículos por satélite, controle dos itinerários e do tempo de viagem, a detecção de eventuais problemas e mudanças irregulares de trajeto. Para Carvas, "o grande benefício é para a sociedade, que pode usufruir do sistema de transporte coletivo durante duas horas consecutivas com apenas um bilhete eletrônico".

Outra facilidade da Atech implantada em São Paulo é o SIGA Saúde, que começou a ser implantado em setembro de 2004. Trata-se de um sistema integrado de gestão do atendimento em saúde que provê a identificação única de pacientes por meio de código de barras. O sistema permite agendamento e prescrição eletrônicos e autorização on-line de procedimentos médicos de alta-complexidade. O SIGA Saúde incorpora o prontuário eletrônico do paciente, permitindo acompanhar o atendimento em toda a rede municipal. Com isso, há uma ordenação do fluxo de pacientes nos serviços, com melhor atendimento e redução de filas, entre outras vantagens, resume Carvas.

 

PRESENÇA NO MERCADO INTERNACIONAL

Em 2004, a Atech venceu um processo de seleção internacional para desenvolver e implementar o sistema para os órgãos de controle do tráfego aéreo de Maiquetia, na Venezuela, e que está em vias de entrar em operação. No mesmo ano, foi firmada outra parceria com o governo venezuelano, para a integração de dez radares meteorológicos, e também para a criação de um centro gestor de crises, dentro do Programa Venehmet de Modernização do Sistema de Prognóstico Hidrometeorológico. Existe um contrato em andamento com a EADS/CASA, desenvolvido em Madrid, na Espanha, onde uma equipe da Atech está presente desenvolvendo serviços tecnológicos para o avião de patrulha marítima do comando da aeronáutica brasileiro.

A Atech também tem desenvolvido pequenos projetos de software para a Yokogawa Bridges, no Japão, com o objetivo de prover outsourcing de software e venda de soluções tecnológicas. Em dezembro de 2005, a empresa recebeu o prêmio Destaque em Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), na categoria Exportador de Serviços, por sua atuação na exportação de serviços na área do conhecimento.