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Inovação Uniemp

versión impresa ISSN 1808-2394

Inovação Uniemp v.2 n.5 Campinas nov./dic. 2006

 

 

Apresentando a fórmula do IBI

 

 

EDMUNDO INÁCIO JR. e RUY QUADROS

 

 

Dando continuidade à série de textos publicados nesta revista, a equipe responsável pelo projeto e construção do Índice Brasil de Inovação — IBI — traz neste artigo o detalhamento da fórmula do indicador agregado de inovação. A presente fórmula é resultado do trabalho conceitual de construção do IBI, bem como da realização de vários testes e simulações de cada um de seus componentes, isto é, dos sub-indicadores que compõem os indicadores de insumo e resultado. Não obstante o avanço conceitual e o teste empírico realizado até aqui, a equipe considera que há ainda espaço e necessidade para escrutínio e aperfeiçoamento da fórmula. Antes de propriamente se falar da fórmula do IBI, será necessário resgatar idéias iniciais do projeto, pois essas formam a base conceitual para que, ao fim, a equipe chegasse à fórmula atual.

A proposta do projeto IBI é criar um índice de inovação das empresas do setor industrial para ordená-las de acordo com seu grau de inovação. É um projeto pioneiro, resultante da ação conjunta do Instituto Uniemp e do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp, com o apoio da Fapesp. A principal fonte de informação para a construção do IBI é a Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa escolha se justifica por ser a única pesquisa de âmbito nacional destinada a investigar questões relativas ao tema inovação nas empresas, bem como por ser alinhada às recomendações do Manual de Oslo, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Este é o principal documento de referência internacional para a pesquisa e análise de dados sobre atividades de inovação, fornecendo linhas de orientação conceitual e metodológica para a construção de indicadores de inovação, confiáveis e comparáveis.

Como abordado nos artigos anteriores, a idéia de criar um indicador agregado de inovação parte da premissa de que o processo de inovação é complexo e multifacetado, devendo, portanto, seu índice compreender vários indicadores parciais referentes a dimensões especifícas-chave desse processo. Duas dimensões se destacam nessa variedade: de um lado a necessidade de incluir os esforços realizados pelas empresas para inovar e, de outro, os resultados tecnológicos e econômicos da inovação. Dessa forma, o IBI é composto por dois macro-indicadores, o de esforço (IAE) e o de resultado (IAR), sendo que estes, por sua vez, são compostos por outros componentes que captam as particularidades dessas duas dimensões. A figura 1 apresenta o detalhamento da fórmula do IBI, partindo da expressão mais agregada até chegar à expressão com todos os seus componentes. Os parágrafos a seguir destinam-se a explicar a fórmula e seus componentes. Ao final do texto encontra-se a descrição dos indicadores, dos valores que os pesos irão assumir nessa proposição, bem como detalhes sobre a nomenclatura empregada.

Tanto o IAE como o IAR são conformados por dois conjuntos de sub-indicadores. Para se compor o IAE é necessário calcular os indicadores que tratam de dois conjuntos importantes de insumos do processo de inovação. Um deles corresponde aos dispêndios monetários feitos pelas empresas nas atividades necessárias para inovar (IAI), enquanto o outro diz respeito à qualificação dos recursos humanos (IRH) que a empresa dispõe para a consecução das atividades de inovação. Com relação ao IAR, os resultados do processo de inovação são medidos, de um lado, pela participação que os produtos inovadores têm sobre a receita líquida da empresa (IRV) e, por outro, pelas patentes, depositadas ou concedidas, geradas pela empresa dentro de um período limitado pela pesquisa (IPT).

Outro fator importante a considerar diz respeito aos critérios que foram adotados para se valorar os pesos de cada indicador. Os pesos utilizados para a ponderação dos indicadores que compõem o IBI foram escolhidos considerando o nível tecnológico do Brasil e de seu parque industrial. O indicador de esforço (IAE) recebe o mesmo peso que o de resultados (IAR). No entanto, a soma dos dois é menor que um, devido à introdução de uma variável ajuste (e) que busca valorizar o equilíbrio entre os indicadores agregados de esforço e resultado. Essa variável de ajuste recebe o peso de 0,2 no cálculo do IBI, sendo que seu valor é também proporcional ao dos dois macro-indicadores.

 

 

O indicador de atividades inovativas (IAI) recebe o maior peso (0,75) no IAE, porque ele embute o maior número de variáveis de esforço tecnológico. Entre essas variáveis, atribuiu-se maior peso à P&D interna (0,35). A P&D externa, os dispêndios em máquinas e equipamentos necessários em produtos e processos inovadores e os dispêndios em projeto industrial receberam um peso intermediário no IAI (0,15). O indicador de recursos humanos (IRH) agrega informações importantes por meio da valorização do nível de qualificação do pessoal ocupado em P&D. Assim, a variável relacionada ao número de doutores recebe um peso de 0,50 nesse indicador, o número de mestres recebe 0,35 e o de graduados, 0,15. Na busca por valorizar as empresas que procuram introduzir inovações no mercado nacional e mundial, ou seja, aquelas que desenvolvem inovações com maior conteúdo tecnológico, são maiores os pesos dos indicadores referentes às receitas de vendas com produtos novos para os mercados nacional (RN) e mundial (RM). O IRV, por sua vez, possui peso maior que o indicador de patentes (IP) em consideração à natureza das empresas brasileiras, que pouco utilizam os recursos das patentes.

 

Edmundo Inácio Jr. é administrador, professor assistente da Faculdade de Administração da Aeronáutica (FAAer) da Academia da Força Aérea (AFA) e pesquisador associado do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp.

Ruy Quadros é administrador, professor livre-docente do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp.