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Inovação Uniemp

versão impressa ISSN 1808-2394

Inovação Uniemp v.2 n.5 Campinas nov./dez. 2006

 

 

Novos celulares ganham capacidade de integrar múltiplas funções

 

 

por PATRÍCIA MARIUZZO

 

 

Um aparelho portátil que pode ser uma câmera de vídeo, uma máquina fotográfica ou um computador de mão e que também faz ligações telefônicas. Essa é a tendência quando o assunto é design de celulares. Devido à necessidade de incorporar novos recursos e, por isso, associar novos designs aos aparelhos de telefone móvel, em poucos anos os celulares serão bem diferentes do que conhecemos hoje. O que estamos assistindo é o surgimento de uma nova mídia a partir do que era um veículo de comunicação à distância. As operadoras de telefonia móvel registram, ano a ano, crescimento do segmento chamado SVA — Serviços de Valor Adicionado — que incluem o tráfego de mensagens (SMS), download de músicas, filmes, jogos e, mais recentemente, operações bancárias. Neste cenário o design tem papel fundamental a desempenhar. Segundo José Alberto Cuminato, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, ele deve proporcionar facilidade de uso, qualidade e robustez no aparelho final.

Forte elemento de competitividade empresarial, o design torna-se ainda mais importante em setores de alta concorrência, como é o caso da fabricação de celulares. Ele é um diferencial estratégico. Para assistir a vídeos no celular P900 da Samsung, é possível girar a tela do aparelho em 90 graus fazendo com que o visor fique mais próximo do padrão da televisão ou do computador. "Há uma preocupação com o usuário em função dos recursos de multimídia e isto tem influenciado nossos projetos de design", conta André Vargas, gerente de produtos da área de telecomunicações da Samsung. O P900, que chega ao Brasil ainda este ano, também pode ser regulado para ficar em três posições, propiciando um ângulo mais confortável para assistir os vídeos. Segundo Vargas, outro conceito pioneiro criado pela empresa, para otimizar o uso dos novos recursos dos aparelhos, foi a câmera giratória. Ela permite que a pessoa faça um auto-retrato sem perder a qualidade da imagem. Também para facilitar o uso da câmera fotográfica embutida, ao usar o Nokia 3250, o usuário tem a possibilidade de girar o teclado do telefone. "Isso facilita a utilização da câmera e também dá acesso aos controles do tocador de música existentes no aparelho", analisa Cuminato. Outra característica importante nos projetos de design é a robustez. "Uma vez que eles são transportados, deve-se evitar peças frágeis que saem do corpo principal do celular", afirma.

 

 

O design tem o compromisso de criar uma linguagem particular para a marca no mercado, é por meio dele que o produto adquire identidade. Na Motorola, por exemplo, o departamento de design se esforça para cumprir a chamada regra dos três metros: é o que determina que todos os produtos da empresa devem ser reconhecidos a uma distância de pelo menos três metros. Outro desafio, segundo Bia Ardinghi, designer de produtos da empresa, é atender os requisitos do consumidor local ao mesmo tempo em que se desenvolve um aparelho para ser fabricado em grande escala e comercializado globalmente. "Isso gera uma sensível redução no custo do aparelho tornando-o acessível aos mercados emergentes, mas também significa ter que agradar um consumidor brasileiro, mexicano, indiano e chinês com o mesmo design", conta ela. Não se pode esquecer, entretanto, que o celular é um produto de uso individual que traz uma mensagem sobre o tipo de pessoa e seu estilo de vida. Ele é também um acessório de moda. "Temos que trabalhar com o vínculo temporal da moda e não apenas com o das inovações estritamente técnicas", explica Vargas, da Samsung. Se antes para estar na moda o que valia era a regra do quanto menor, melhor, o que está em voga hoje é o design delgado, ou a moda dos fininhos, diz.

A inovação em design também se dá pela utilização de novos materiais. Para conseguir um aparelho com 13,9 milímetros de espessura, medidas do MotoAZR, um dos últimos lançamentos da Motorola, o magnésio foi usado no chassis interno. Embora mais caro que o plástico, o metal é 18 vezes mais duro, permitindo que a parte interna fosse também 18 vezes mais fina. Outra novidade foi a utilização de um vidro quimicamente endurecido no display do celular, substituindo novamente o plástico, menos resistente nos testes de impacto. Já o N93, da Nokia, com câmera fotográfica e filmadora possui um mecanismo que faz com que o celular se transforme numa câmera de vídeo. Para fabricar o aparelho foi usado o mesmo material usado nas câmeras filmadoras. "O conceito do produto agregado influencia no produto final", explica Fiore Mangore, gerente de novos negócios da Nokia, empresa que oferece só no Brasil 40 modelos de celulares.

 

PARA TODOS OS BOLSOS

Mangore destaca ainda a maturidade do mercado de celulares no Brasil. "Os usuários já estão migrando de aparelhos mais simples para os mais sofisticados", conta. Os números relacionados à telefonia móvel no Brasil são surpreendentes. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em 1990 havia 667 aparelhos celulares no Brasil, apenas dez anos depois já eram 23 milhões. Dados mais recentes apontam para impressionantes 89,4 milhões de assinantes de telefones móveis. Este crescimento vertiginoso deve-se em grande parte à criação de um mercado para as classes de baixa renda. Como a evolução tecnológica na telefonia celular foi muito rápida, os modelos mais simples ficaram mais baratos e, portanto, acessíveis. Outra razão para a explosão no consumo de aparelhos foi a introdução do sistema de telefones pré-pagos que representam a maioria (mais de 77%) dos celulares no Brasil, também segundo a Anatel.

 

 

De olho nesse segmento, as fabricantes desenvolvem projetos de design específicos. Pesquisa encomendada pela Samsung detectou que muitos consumidores brasileiros queriam ter um celular mais simples, ou seja, sem tantos recursos de multimídia, mas ainda assim com design atraente. "Por isso a empresa resolveu introduzir o conceito do celular dobrável, antes exclusivo dos aparelhos mais caros, para as classes mais baixas", conta Vargas. Na Motorola, todo programa para desenvolver novos aparelhos começa com a definição do consumidor que se quer atender. A partir disso são criadas as especificações técnico-funcionais e é estabelecido um custo limite para o programa. Segundo Ardinghi, os modelos C222 e C213, atualmente no mercado, foram criados especialmente para atender o gosto e os requisitos dos usuários com menor poder aquisitivo.

A primeira ligação com aparelho de telefone móvel do mundo aconteceu em 1973 nos Estados Unidos. O telefone pesava um quilo e media 25 centímetros por sete de largura. A bateria se esgotava depois de 20 minutos de conversa. Hoje, especialistas da área ainda acham que os aparelhos tem limitações de baterias, não para sustentar uma conversa, mas para manter funcionando os tocadores de música que estão sendo embutidos nos aparelhos. O empenho é para desenvolver aparelhos cada vez mais abrangentes e por isso fica difícil prever como será o design dos celulares daqui a três ou cinco anos.

 

MODELOS MULTIFUNÇÕES

Outra tendência que se confirma a cada novo lançamento são aparelhos que reúnem as funções de telefone e computador de mão, os smartphones. "Particularmente, eu acredito em grandes mudanças, devido ao incremento da pesquisa na área de celulares e interconectividade. Seremos surpreendidos nos próximos cinco anos com aparelhos realmente fantásticos", acredita Ardinghi. Além de criar uma identidade para o produto, para André Vargas, da Samsung, o design é também o elemento que permite ao usuário identificar algo como novo. "Não basta inserir uma inovação técnica, isto tem que ser mostrado de um jeito diferente, num aparelho diferente, só assim o consumidor vai se interessar", acredita ele. "É pelo novo design que ocorrem as mudanças de comportamento, por exemplo as mudanças provocadas pela telefonia sem fio", completa.