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Inovação Uniemp

Print version ISSN 1808-2394

Inovação Uniemp vol.3 no.1 Campinas Jan./Feb. 2007

 

 

Por que, no Brasil, havendo abundância de águas doces, há escassez?

A busca de respostas a esta pergunta, que tem a forma de um paradoxo, constitui boa parte do esforço daqueles que se dedicam ao estudo da água e de sua transformação em recurso hídrico.

O planeta Terra, que já foi chamado planeta Água pela liquidez de sua consistência, tem na geografia brasileira uma concentração de águas doces equivalentes a 12% do total existente no mundo.

Vários fatores interferem para motivar os riscos da escassez da água enquanto valor econômico, entre eles, o desperdício, a poluição, a contaminação industrial, a desproporção entre demografia e disponibilidade natural, a ocupação desordenada do solo rural e urbano, as disputas políticas pelo seu controle, a falta de políticas públicas educacionais que levem a uma cultura de preservação, a cultura predatória de nossa longa tradição de ocupação e abandono da terra, e a ausência do sentido de cidadania capaz de encurtar, na população, a distância entre o público e o privado, o particular e o coletivo, o individual e o social.

Países como o Brasil, ricos em mananciais, não podem seguir na filosofia caricatural do Jeca, para quem "plantando, dá; não plantando, dão."

A política das águas é um imperativo de vida. Nesse sentido, são mais do que bem-vindas as iniciativas institucionais para a cultura de sua qualidade. Como exemplo, a criação, há algum tempo, da Universidade da Água, organização não governamental, ligada ao Instituto Latino Americano e ideal realizado do saudoso governador Franco Montoro, e a instalação da Agência Nacional de Águas (ANA), por parte do governo, apesar das disputas políticas que a envolvem desde o seu nascimento.

A política de boas publicações sobre o tema é também imprescindível. Nesse caso, vale a pena destacar o trabalho Águas doces no Brasil - capital ecológico, uso e conservação, organizado e coordenado pelos professores Aldo da Cunha Rebouças, Benedito Braga e José Galizia Tundisi (Editora Escrituras, São Paulo, 1999), contendo a colaboração de mais de duas dezenas de especialistas, com artigos que tematizam todos os aspectos pertinentes e relevantes do assunto, com ampla bibliografia, e ilustrações funcionais e estéticas, didáticas e explicativas. Da mesma forma, destaque-se o número recente da Revista Usp (nº 70, junho, julho, agosto, 2006) inteiramente dedicado ao tema e com a participação também de importantes pesquisadores, entre eles, Aziz Ab' Sa'ber, Adalgiza Fornaro e Roberto Bolzani Filho.

Washington Novaes, em artigo recente no O Estado de S. Paulo (17/11/06, p. A2) chama a atenção para "Os dramas da água, a pior das pobrezas" e para a morosidade legislativa e governamental diante dos desafios urgentes que o país deve enfrentar para constituir políticas consistentes e eficazes visando à qualidade de nossas águas e, por extensão, a qualidade de vida de nossas populações, sobretudo as mais pobres e carentes.

Águas é, pois, o tema da reportagem de capa deste número da revista Inovação Uniemp, em cujas outras páginas também navegam, como de hábito, com novidades, notas, notícias, informações, o diretório de patentes, o Índice Brasil de Inovação (IBI) e outras matérias de interesse econômico, científico e tecnológico.

 

Carlos Vogt - Editor Chefe