SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.3 issue4Diretório de patentesParaty: sinônimo de cachaça author indexsubject indexsearch form
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Article

Indicators

  • Have no cited articlesCited by SciELO

Related links

  • Have no similar articlesSimilars in SciELO

Bookmark

Inovação Uniemp

Print version ISSN 1808-2394

Inovação Uniemp vol.3 no.4 Campinas July/Aug. 2007

 

 

Consolidando também o conceito de inovação tecnológica

 

 

SABINE RIGHETTI e SIMONE PALLONE

 

 

No dia 24 de maio foi lançado oficialmente o ranking do Índice Brasil de Inovação (IBI), cujos resultados também estão divulgados na edição de maio/junho da revista Inovação Uniemp. A equipe de profissionais do IBI fez longa e detalhada exposição para um público de cerca de 200 interessados, formado por empresários, executivos, pesquisadores da área de indicadores econômicos e de ciência e tecnologia, estudantes, representantes de institutos de pesquisa, de agências de fomento, de secretarias de governo, entre outros. O ranking contemplou 12 empresas, divididas por grau de intensidade tecnológica. No debate, discutiu-se a metodologia do trabalho, e foi anunciada a segunda edição do índice, a partir dos dados da Pintec 2005 (Pesquisa de Inovação Tecnológica, do IBGE), que deverá ser divulgada em julho deste ano.

Entre as questões discutidas no dia da exposição do IBI, a consolidação do termo "inovação tecnológica" foi levantada. Trata-se de uma expressão bastante recente, que foi tomando forma há alguns anos e passou a integrar documentos, projetos de pesquisa e notícias jornalísticas. Como tantas outras expressões, passou a circular nos meios acadêmico e empresarial, ganhou credibilidade e sentido sem, no entanto, possuir uma definição conceitual mais precisa. E quando se pretende divulgar temas ligados à ciência e tecnologia, o emprego desse termo, como de alguns outros, se torna ainda mais crítico, sendo necessário escolher alguma conceituação já estabelecida para se basear.

De acordo com a Pintec, uma inovação tecnológica é definida pela introdução no mercado de um produto ou de um processo produtivo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. Essa definição, por sua vez, é baseada nas diretrizes metodológicas definidas no Manual de Oslo, 3ª edição, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 2005. Ainda conforme a Pintec, a inovação tecnológica pode resultar de pesquisa e desenvolvimento (P&D) realizados no interior das empresas, de novas combinações de tecnologias existentes, da aplicação de tecnologias existentes em novos usos ou da utilização de novos conhecimentos adquiridos pela empresa.

Ao mensurar a inovação tecnológica nas empresas desde 2000, a Pintec cumpre um papel essencial que é o de apresentar e difundir o conceito de inovação tecnológica pelo meio acadêmico, empresarial e pela sociedade trazendo, além disso, insumos para que novas pesquisas que abordem a temática da inovação sejam realizadas.

 

A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E O IBI

A primeira edição do IBI teve como principal base os dados da Pintec 2003, fornecidos voluntariamente pelas empresas participantes. O processo de construção de um índice, que considera uma série de sub-indicadores, tendo como principais guias o indicador de esforços para inovar e o indicador de resultado da atividade inovativa foi um trabalho de dois anos, que envolveu uma equipe multidisciplinar e gerou um processo de formação de conhecimento e de aprendizado. Além disso, o trabalho ajudou a consolidar a importância da pesquisa de inovação do IBGE e contribuiu na divulgação da definição conceitual de inovação tecnológica para o público em geral, e para as próprias empresas que têm para si, muitas vezes, conceitos próprios sobre o que é inovação e o que é inovar.

Nesse sentido, vale destacar a importância dos resultados do IBI para as empresas participantes que, independentemente de terem sido ou não classificadas no ranking das mais inovadoras, receberam um documento detalhado com todos os seus indicadores e sub-indicadores, além de uma comparação com o seu setor na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae, também do IBGE), e com o primeiro colocado do seu grupo setorial definido pelo IBI.

Por meio da análise de cada sub-indicador do IBI, a empresa participante poderá avaliar quais são os seus principais recursos, sejam organizacionais (processos), intangíveis (conhecimentos adquiridos) e humanos (competências) que devem ser mantidos ou aprimorados. Em outras palavras, ao ter sua capacidade inovativa mensurada pelo IBI, a empresa pôde observar qual parte do seu processo produtivo deve ser melhorada para gerar inovações: se nos esforços ou nos resultados ou em ambos. Trata-se de um teste das suas ações internas em relação aos padrões externos das práticas da indústria. Tal análise deve levar a um processo de benchmarking, ou seja, uma busca de melhores práticas que conduzam a um desempenho superior que resulta em capacitação e ganhos para as próprias empresas.

Assim, o IBI pode ter servido de semente para plantar o conceito de inovação tecnológica nas empresas, apontando, de maneira clara, todos os mecanismos que fazem parte da atividade inovativa. Como bem definiu durante a entrega da premiação do IBI o gerente da Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento da Faber-Castell, empresa segundo colocada no grupo setorial 3 (média-baixa intensidade tecnológica), Vladimir Barroso: "analisaremos cada sub-indicador do IBI para nos mantermos sempre entre os primeiros colocados". Esse foi um dos principais papéis do trabalho: voltar olhares para o processo de inovação tecnológica.

O desenvolvimento de uma metodologia que permite medir o índice de inovação das empresas despertou o interesse de entidades de classe e agências de fomento que, conhecendo o desafio da missão, acreditam que poderão replicar o índice para avaliar a capacidade inovativa de seus associados e clientes, comprovando a amplitude que representa o IBI.

 

PRÓXIMAS ETAPAS

As próximas edições da revista Inovação Uniemp trarão, neste espaço, as etapas da segunda edição do Índice Brasil de Inovação, que deve ter início no segundo semestre de 2007, com base, primordialmente, na Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec/2005). Aqui, o termo "industrial" já não faz mais parte da nomenclatura da Pintec. Mais uma discussão conceitual que deve ser destacada, pois a Pintec 2005 — e conseqüentemente a próxima edição do IBI — incluiu também o setor de serviços. A demanda do setor de serviços para ser incluído nas pesquisas de inovação tecnológica é legítima, uma vez que com o auxílio, principalmente, das tecnologias de informação, essa área tem obtido grandes avanços em gestão e competitividade.

De acordo com a definição da Pintec, uma inovação de produto abrange um bem ou serviço tecnologicamente novo ou tecnologicamente aperfeiçoado. Um serviço pode ser substancialmente aperfeiçoado por meio da adição de nova função ou de mudanças nas características de como ele é oferecido, que resultem em maior eficiência, rapidez de entrega ou facilidade de uso do produto.

Entre as inscrições para adesão ao IBI, um terço das empresas pertence ao setor de serviços e não pôde participar. Muitas delas apresentam um perfil de pequena e média empresa de base tecnológica. Algumas spin-offs de empresas maiores ou de universidades, outras saídas de incubadoras de empresas. A ampliação da adesão de empresas de porte pequeno e médio deverá reforçar a intenção da equipe do IBI de separar, na próxima edição, as empresas por tamanho, para garantir maior uniformidade ao índice de cada uma. Ao incluir o item serviços em seu levantamento de atividades inovativas por setor, além do segmento de transformação, a expectativa de seus organizadores é de que a segunda edição do Índice Brasil de Inovação certamente contará com um quorum ainda mais ampliado de empresas participantes do levantamento.

Como desdobramento das atividades de criação do IBI, e diante das demandas que surgiram a partir do próprio trabalho de levantamento de dados e definição de conceitos e critério, lançou-se, durante o evento de lançamento, a idéia da criação de um Manual de Campinas. Seria um documento que cuidaria de apresentar de forma mais clara, as fórmulas e equações aplicadas para se chegar ao IBI, ampliando a compreensão das regras de funcionamento do índice. O possível desenvolvimento do Manual de Campinas, deverá ser estudado pela equipe, juntamente com as próximas edições do Índice Brasil de Inovação.

 

Sabine Righetti e Simone Pallone são jornalistas responsáveis pela comunicação do Índice Brasil de Inovação e pesquisadoras do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT/IG/Unicamp).