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Inovação Uniemp

versión impresa ISSN 1808-2394

Inovação Uniemp v.3 n.5 Campinas sep./oct. 2007

 

 

Índice Brasil de Inovação: a próxima etapa

 

 

RUY QUADROS e ANDRÉ FURTADO

 

 

A primeira edição do IBI, cujos resultados foram divulgados na edição de junho de Inovação, teve caráter de projeto piloto. O uso de uma metodologia ao mesmo tempo abrangente e de fácil aplicação e entendimento, o apoio dos parceiros institucionais e a boa receptividade e adesão das empresas garantiram o alcance dos objetivos estabelecidos para a primeira etapa do projeto. Buscou-se estabelecer os fundamentos do IBI, necessários nessa fase de construção de um projeto dessa natureza: desenvolvimento e teste da metodologia, elaboração de uma estratégia de divulgação e organização das atividades operacionais do IBI. Mas o objetivo mais importante era testar o interesse e a adesão das empresas à proposta, já que elas são as principais participantes no processo proposto pelo IBI. A adesão conseguida na primeira edição e a grande repercussão da divulgação do ranking das empresas mais inovadoras, entre as que aderiram ao IBI, mostraram que esse objetivo foi alcançado.

A próxima etapa do projeto buscará consolidar e institucionalizar o IBI. O programa dessa etapa compreenderá o aperfeiçoamento metodológico e operacional, o aprimoramento da comunicação, o lançamento da 2ª Edição do IBI e a consolidação das parcerias e institucionalização do Índice.

A experiência da 1ª Edição mostrou que os elementos centrais da metodologia se revelaram adequados. Ela se baseia na utilização da Pintec-IBGE para produção dos indicadores primários, de fácil obtenção; na escolha de um indicador composto e sintético, que equilibra indicadores de esforços e resultados; e na normalização dos valores dos indicadores, de modo a compensar vieses relacionados aos diferentes tamanhos das empresas, bem como aos diferentes setores a que pertencem. Ainda assim, alguns pontos de aperfeiçoamento merecerão cuidado nessa próxima etapa:

  • O aperfeiçoamento do procedimento de normalização dos indicadores individuais da fórmula, de modo a reduzir a influência de medidas individuais com variação extremada;

  • A introdução da desagregação setorial a três dígitos, de maneira seletiva, para cálculo das médias para normalização, de modo a reduzir a heterogeneidade entre empresas de um mesmo setor;

  • A revisão da agregação de grandes grupos setoriais para a definição dos rankings do IBI, de modo a incorporar um grupo de serviços e, possivelmente, um grupo para micro e pequenas empresas.

A primeira experiência do IBI revelou a oportunidade de construção de um grupo à parte para micro e pequenas empresas. As principais razões são estruturais. Os processos de inovação nessas empresas são bastante distintos daquele das grandes empresas. O esforço de inovação é orientado para um número mais reduzido de produtos e processos; nos ciclos em que suas inovações chegam ao mercado, o impacto sobre receitas tende a ser maior do que aquele medido em grandes empresas. Em pequenas empresas de base tecnológica, a P&D e os recursos humanos dedicados a essa atividade têm estruturalmente um peso significativo. Além disso, as políticas para a promoção da inovação em micro e pequenas empresas são diferenciadas, justificando a conveniência de tratamento diferenciado.

Considera-se também a necessidade de identificar fontes e elaborar indicadores que aperfeiçoem as medidas de resultados da inovação no IBI. Na fórmula atual do IBI, os indicadores de resultado compreendem resultados econômicos para as empresas, medidos por indicadores do impacto das inovações de produtos nas receitas de vendas, bem como resultados tecnológicos medidos por indicadores de patentes. Do ponto de vista da mensuração dos resultados da inovação e das atividades inovativas para crescimento das empresas, essas medidas são insuficientes, por vários motivos. Basta aqui salientar que há setores para os quais a agregação de valor depende mais de inovações de processo do que de produto. Dessa forma, é recomendável a exploração de alternativas metodológicas que identifiquem o impacto das inovações na produtividade e na rentabilidade das empresas. Na próxima etapa, pretende-se iniciar estudos exploratórios orientados nessa direção, embora não haja expectativa de que avanços metodológicos nesse terreno já estejam em condições de serem incorporados na 2ª Edição do IBI.

Em relação à melhora do processo de divulgação e comunicação, a principal meta é a elaboração do Guia do IBI, um manual de orientação às empresas interessadas que apresente os pontos essenciais do Índice em linguagem compreensível para não especialistas. Além da apresentação dos objetivos do IBI e dos benefícios que a adesão ao projeto proporciona às empresas, o Guia buscará esclarecer os conceitos que fundamentam o Índice, os procedimentos de cálculo de cada indicador individual e do IBI agregado e o que as empresas precisam fazer para aderir. Dessa forma, o Guia do IBI permitirá que, mesmo antes da adesão, as empresas possam explorar a metodologia, seja na simulação do cálculo de seu índice, seja na incorporação dos conceitos e indicadores para a construção/aperfeiçoamento de seu próprio sistema de indicadores de desempenho e resultados.

Esse esforço de aprimoramento na metodologia e comunicação será feito em benefício da 2ª Edição do IBI. Seu lançamento está previsto para meados do segundo semestre de 2007, com a divulgação do ranking em meados do primeiro semestre do próximo ano. A recente divulgação dos resultados da Pintec 2005, pelo IBGE, viabilizou esse cronograma, pois a 2ª Edição do IBI se baseará, primordialmente, nas informações fornecidas pelas empresas em resposta ao questionário da Pintec 2005. Essas serão complementadas por informações da PIA 2005 e dados de atividade de patenteamento das empresas fornecidos pelo INPI.

A Pintec 2005 investigou uma amostra de 13.575 empresas industriais e 759 empresas de serviços, representando um universo expandido de 91.054 empresas industriais e 4.246 empresas de serviços. No setor industrial, a Pintec identificou 30.378 empresas inovadoras, correspondendo à taxa de inovação de 33,4%. Dessas, 5.046 (17%) empresas realizaram atividades internas de P&D, totalizando R$ 7,11 bilhões de dispêndio em P&D em 2005. Algumas mudanças na Pintec 2005 terão implicações para a organização do ranking de empresas inovadoras do IBI. A principal delas é a cobertura da Pesquisa, que passou a abranger três setores de serviços que são intensivos no uso e/ou geração de tecnologias, quais sejam os serviços de telecomunicações, as atividades de informática e os serviços de P&D. Projeta-se a organização de um grupo de serviços, adicional aos quatro grupos industriais definidos pelo IBI para efeito da classificação das empresas mais inovadoras. Esse grupo é necessário devido às diferenças da dinâmica da inovação em serviços, em comparação com a indústria.

Pretende-se, com a 2ª Edição, consolidar o IBI como um projeto inovador, que contribui para a disseminação da cultura da inovação tecnológica nas empresas, alavanca a imagem das empresas mais inovadoras e gera indicadores que podem ser apropriados pelas agências formuladores e executores de políticas e programas de CT&I, para várias finalidades. Nessa edição, almeja-se alcançar um número mais expressivo de adesões; a meta é superar 150.

Ao longo da etapa que agora se inicia, pretende-se também consolidar e ampliar as parcerias institucionais do IBI. Além da Fapesp, do IBGE e do INPI, cujo apoio foi imprescindível para a construção do projeto, buscar-se-á maior interação com a Finep e o BNDES, na perspectiva de se explorar a metodologia de indicadores individuais para empresas do IBI como subsídio para formulação e implementação das políticas operacionais dessas agências. A relação com entidades empresariais, especialmente a Anpei, também terá papel importante, tendo em vista a divulgação e o incremento das adesões ao IBI. Considera-se a organização de um Conselho Consultivo, com representantes dessas agências, a fim de institucionalizar as parcerias e estabelecer uma forma de participação permanente dos parceiros nos rumos do IBI.

 

Ruy Quadros e André Furtado são professores do Departamento de Política Científica e Tecnológica do IG, Unicamp, e coordenadores do Projeto IBI.