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Inovação Uniemp

versión impresa ISSN 1808-2394

Inovação Uniemp v.3 n.5 Campinas sep./oct. 2007

 

 

Empresa médico-hospitalar aposta em parcerias e em P&D para crescer

 

 

por GABRIELA DI GIULIO

 

 

Com a missão de ser uma empresa diferenciada no setor que atua, com um elevado grau de inovação em produtos e serviços médico-hospitalares, a pequena empresa pernambucana TMED Tecnologia Médica Ltda alcança resultados positivos desde sua fundação, em setembro de 1994. A empresa nasceu com sua primeira invenção: o Bip Soro, equipamento criado a partir da observação atenta dos irmãos Amando Guerra Neto e Luiz Portela Guerra, durante o período em que se revezaram nos cuidados com o pai, internado num hospital em Recife (PE). Precisavam ficar atentos à aplicação do soro para que, ao término do líquido, as enfermeiras fossem chamadas para trocar o tubo. Perceberam, assim, a necessidade de um aparelho que emitisse automaticamente um aviso indicando o fim do conteúdo da solução endovenosa para a troca.

Foi uma "grande sacada" dos irmãos, já que no mercado não havia nada parecido. Juntou-se o conhecimento de Luiz, dentista e mestre em engenharia biomédica pela Universidade Federal da Paraíba, com o de Armando, economista especializado em engenharia de qualidade e administração financeira. A parceria deu certo. O protótipo do Bip Soro rendeu a eles, na época, a chance de ganhar um concurso de inovação tecnológica, promovido pelo governo pernambucano, e como prêmio uma vaga na incubadora do Instituto Tecnológico de Pernambuco. Nascia, assim, a TMED.

 

 

"A empresa foi criada com o objetivo de desenvolver soluções que envolvam tecnologias eletroeletrônicas, metalúrgicas, de design industrial e de administração hospitalar que formam o ambiente da engenharia biomédica", explica Amando Guerra, diretor superintendente da empresa. Entre as principais linhas de pesquisa e produtos da TMED, está o sistema de monitoramento de cuidados no leito (Sistema MCL), que tem como finalidade proporcionar maior segurança e conforto para os pacientes, tranqüilidade para os acompanhantes, além de ser um importante instrumento de redução de custos e melhoria da qualidade e produtividade do atendimento hospitalar, pela maior racionalização e controle da atividade. O Bip Soro, criado oficialmente em 1996 faz parte desse Sistema MCL, que ainda inclui mais dois módulos principais: Chamada de Enfermagem e Gestão do Atendimento, com possibilidade da identificação do profissional que prestou o atendimento e o registro de todas as atividades realizadas no ambiente da internação.

Recentemente, a empresa criou a versão eletrônica do Bip Soro, que permite um maior controle de todo o andamento da aplicação de soro, sangue e outras substâncias, avisando o término, bloqueio e variações da infusão, diretamente no computador do posto de enfermagem. "Ali é instalado o painel inteligente que avisa sonora e luminosamente o leito que deve ser atendido para troca. O sistema possui a colocação de chamada de banheiro e sinalizador de porta como opcional. O produto é indicado para hospitais, clínicas, home cares (atendimentos domiciliares) e similares", diz o diretor.

Outro produto da TMED é o dispensador automático, importante aliado no controle da infecção hospitalar. Basta posicionar as mãos abaixo do aparelho e um sensor infra-vermelho comanda automaticamente a liberação da solução anti-séptica na dose previamente regulada, acabando com o desperdício e a propagação de microorganismos.

 

INVESTIMENTOS E PARCERIAS

Para desenvolver seus produtos, a TMED conta com recursos vindos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Agência de Desenvolvimento de Negócios para o Estado de Pernambuco — através do Programa de Desenvolvimento de Pernambuco (Prodepe), que oferece incentivos tributários às empresas — e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe). Além disso, estabelece parcerias com a iniciativa privada, como as empresas de gases industriais White Martins, maior da América do Sul, e AGA, umas das principais fornecedores no segmento médico do Brasil. Mantém, ainda, parceria com hospitais, como o Albert Einstein de São Paulo, que servem como laboratórios para que os testes finais dos produtos sejam realizados. Com clientes espalhados por todo o Brasil, os produtos da TMED têm sido bem aceitos por mais de 200 estabelecimentos assistenciais de saúde.

 

 

A empresa conta com um quadro fixo na área de pesquisa e desenvolvimento (P&D), formado por quatro profissionais, e ainda terceiriza algumas etapas de pesquisas, conforme a demanda do mercado. O investimento neste setor corresponde a 10% do faturamento da empresa, mas já chegou a atingir 17%, segundo Amando Guerra. Em 2006, o faturamento da empresa atingiu R$ 2,8 milhões.

Com uma média de crescimento de 40% ao ano, a TMED conseguiu, entre 2005 e 2006, crescer 75%. Como resultado de tal performance, recebeu importantes prêmios da área, como Prêmio Top Hospitalar e Prêmio Finep de Inovação Tecnológica na categoria Pequena Empresa. "O Sistema Bip Soro ainda foi selecionado pela Associação Brasileira da Propriedade Intelectual como uma das soluções inventivas que mais contribuíram para a ciência durante os 500 anos do Brasil", destaca Guerra.

 

MONITORAMENTO E BIOMATERIAIS

Além de expandir a linha de monitoramento, a TMED está atenta à área de biomateriais — materiais empregados em tratamento, ampliação ou substituição de tecidos, órgãos ou funções corporais. A intenção dos proprietários é expandir parcerias com universidades e empresas que atuem na mesma área. De olho no mercado externo, a empresa busca obter, ainda neste ano, certificações, como a BPF-RDC 59, que se refere às boas práticas de fabricação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que dará abertura para comercialização dos produtos em toda a América do Sul. Também busca a certificação ISO, de agregação de valor institucional, e a marcação "CE", um certificado que garante que o produto está em conformidade para ser exportado em todas as regiões do mundo, exceto para os Estados Unidos, que pede a aprovação da Food and Drug Administration (FDA).

Apesar do bom desempenho de sua empresa, o superintendente da TMED preocupa-se com crescimento lento do setor de engenharia biomédica no Brasil. "Os estudos e pesquisas têm aumentado nas instituições e o governo tem até conseguido um maior aporte financeiro para a área, mas ainda estamos distante do ideal, em comparação com outros países.