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Inovação Uniemp

versão impressa ISSN 1808-2394

Inovação Uniemp v.3 n.6 Campinas dez. 2007

 

 

CNC Service: multifuncional, compacta e brasileira

 

 

por FLÁVIA GOUVEIA

 

 

Inaugurada no interior de São Paulo (Santa Bárbara d'Oeste) em 1989 como empresa de manutenção de motores, a empresa CNC Service cresceu, incorporou a atividade produtiva e hoje é capaz não apenas de acompanhar as tendências internacionais como de dar passos à frente. Em 2003, notando que o mercado nacional estava carente no setor de máquinas de pequeno porte com alta precisão e tecnologia, a empresa desenvolveu uma linha de máquinas compactas de controle numérico computadorizado, por meio de sua coligada CNC Tecnologia. Essa linha visa atender principalmente ao setor de treinamento técnico e micro-usinagem e compreende tornos, fresadoras e conjugadas (de fresadora e torno). "A máquina conjugada é nossa grande aposta hoje", afirma Lílian Perez, diretora financeira da CNC. "Evidentemente, também investimos na conquista de novos mercados para todos os nossos produtos, além de buscarmos constantemente implementar inovações diferenciadas e oferecer serviços de alto valor agregado", completa.

Os equipamentos utilizados hoje por centros de ensino técnico e empresas de micro-usinagem, basicamente tornos e fresadoras, têm peso unitário em torno de 500 quilos e são geralmente importados da Europa e da Ásia. Mas a máquina que conjuga torno e fresadora, no mercado desde 2005, pesa 600 quilos, ocupa menos espaço e oferece fácil deslocamento, graças a seu sistema de montagem sobre uma bancada com rodízios e freios. Essa solução da CNC Tecnologia já foi adotada por algumas instituições, mas ainda sofre resistência no mercado brasileiro. O preço médio é de R$ 99 mil, "mais interessante do algumas opções de máquinas não-conjugadas, apesar do aumento recente da concorrência chinesa", diz Lílian.

 

 

DURABILIDADE E PRECISÃO

A máquina é capaz de realizar operações de torneamento e fresamento. Basta uma alteração de um modo para o outro pelo seletor, sem substituição de hardware ou software do sistema. Sua durabilidade e a precisão são idênticas às de qualquer máquina operatriz de maior porte. "Tanto que estendemos a garantia para 12 meses, o dobro do prazo das máquinas maiores", diz Lílian. O mercado-alvo da máquina são as instituições de ensino voltadas para a área de engenharia ou técnica mecânica, como os Cefets, Senais e Fatecs, além de empresas de micro-usinagem, como as fabricantes de aparelhos de ortopedia, oftalmologia, odontologia, moldes, jóias e bijuterias.

A CNC Tecnologia já possui o protocolo definitivo de patente junto ao INPI do equipamento Torno & Fresadora CNC Conjugados Compacto - Modelo-MMC-LM, como patente de invenção. A empresa também possui o "Atestado de Exclusividade", conferido pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos-Abimaq e pelo Sindicato Nacional da Indústria de Máquinas-Sindimaq. Essas entidades reuniram informações de mais de 3.000 empresas e 400.000 produtos brasileiros, certificando que a CNC Tecnologia é fabricante nacional com exclusividade dessa máquina.

As vantagens da máquina não se resumem ao menor peso e custo compatível com o de produtos concorrentes. Incluem a possibilidade de integração com automações externas e sua natureza nacional, o que permite agilidade nos serviços de manutenção e reposição de peças. O modelo standard da máquina é 100% nacional, pois incorpora o novo controle numérico computadorizado da MCS Engenharia, denominado "Proteo", em conjunto com os servoacionamentos brushless da WEG. De acordo com Lílian, há máquinas importadas inoperantes em várias escolas técnicas por falta de assistência técnica e de peças de reposição no Brasil. Isso ocorre porque os compradores não antecipam essa dificuldade no momento da compra, realizada por meio de licitações em pregões eletrônicos. "Como na maior parte das vezes essas instituições não têm verba para importar as peças de reposição, a máquina fica parada e, conseqüentemente, a qualidade do ensino cai", afirma a diretora financeira.

 

DESAFIOS

As vendas da máquina multifuncional ainda não atingiram as expectativas da empresa, sobretudo para o mercado educacional. Até o momento, somente a USP-SP e a Unesp-Bauru adquiriram o equipamento, embora a CNC já tenha exportado uma para os Estados Unidos. "Estamos trabalhando para aumentar nossas vendas, por meio de marketing e negociações junto ao Sindimaq, mas a empresa ainda não consegue investir o montante que considera ideal nos recursos de divulgação, como propagandas em sites, revistas, malas diretas para as escolas, participações em leilões, cadastros em sites dos governos federal e estadual etc.", afirma Lílian. Para reduzir os custos, a CNC firmou recentemente uma parceria com o IPT, que deu início ao trabalho de diagnóstico do produto e do processo de produção. Deseja-se também, com esse trabalho, acelerar o processo de produção. Segundo Lílian, "a longo prazo, as vendas deverão crescer em função das licitações que serão efetuadas por iniciativa dos governos estaduais e federal."

Com relação ao preço, a máquina é considerada competitiva comparativamente aos países avançados, mas já enfrenta a forte concorrência das máquinas chinesas de maior porte. "Teremos que trabalhar bastante para a redução sistemática dos custos, além da melhoria contínua do equipamento, para que tenhamos o sucesso esperado", diz Lílian. Os diretores da CNC Tecnologia acreditam que novos incentivos trarão resultados significativos para as vendas desse produto.

 

 

A máquina já foi exposta na Feira de Chicago e na Feimafe (Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta e Serviços de Manufatura), em 2005, na Feira da Mecânica, em 2006, e, neste ano, esteve presente no stand da MCS Engenharia, na Feimafe/2007. A empresa também estará presente na próxima Feira da Mecânica, que será realizada em maio de 2008. "A CNC acredita que a exposição de seus produtos na feira é uma das melhores ações de marketing, com a melhor relação custo-benefício por contato, porque a maioria dos visitantes é formada por potenciais clientes", diz a diretora financeira da empresa. Para a CNC Tecnologia, a presença em feiras também é uma forma de reforçar ou iniciar a atuação da empresa em mercados regionais ou internacionais.

Embora esses eventos aumentem a visibilidade e divulgação do produto, Lílian acredita que os mercados de micro-usinagem e de ensino no país ainda estão muito presos aos produtos importados, por não haver uma cultura de valorização do produto nacional. "Nosso equipamento possui excelente qualidade técnica, é integralmente brasileiro, com assistência técnica total pela CNC em todo o território nacional, peças, adaptações, capacitação de pessoal e preços condizentes com o mercado", diz Lílian. Todo o material de apoio instrucional foi desenvolvido em conjunto com o Centro SENAI Fundação Romi-Formação de Formadores, de Santa Bárbara d'Oeste-SP.

A diretora financeira da CNC Tecnologia argumenta que esses atributos tornam a inovação interessante não apenas pelos seus efeitos econômicos, mas também sociais, sobre o emprego e o aprendizado no país. "Dessa forma, a empresa também assume sua responsabilidade social", conclui.